Powered By Blogger

sábado, 16 de janeiro de 2010

Histórica participação do Brasil no Mundial de Xadrez


Participação do Brasil no Mundial da Turquia foi boa!


A torcida ficou frustrada. Os blogueiros de plantão que, aliás, fizeram um excelente trabalho – Silvio Cunha, Disconzi, Maiakovski, Vescovi, entre outros – na reta final deram uma esmorecida, e tudo terminou com um amargo massacre dos indianos sobre o nosso esquadrão tupiniquim. Nos fóruns de internet, tipo orkut, o bicho pegou. O tiroteio foi intenso e sobrou até para o pobre do Mequinho.

O mais alvejado foi nosso GM número 1, o atual campeão brasileiro Giovanni Vescovi. Acho que a torcida pegou pesado, inclusive nos comentários do seu blog http://espnbrasil.terra.com.br/giovannivescovi. Tá certo que o post “uma partida fantástica” estava destoando do sentimento da torcida naquele momento, mas tem que entender a posição do atleta naquele momento, e, sobretudo a forma que ele estava encontrado para superar a seqüência de derrotas. Não é fácil sair de um fundo de poço enxadrístico numa determinada competição, imagino que ainda mais difícil se seus adversários são Radjabov, Nakamura, Aronian, Grishuck, etc.

O Giovanni Vescovi foi mal, é fato, mas isso faz parte do esporte. Ele foi, sobretudo, corajoso, porque se expôs duas vezes. Uma enquanto jogador, outra enquanto blogueiro. Acho que o xadrez brasileiro tem dívida com o Vescovi, ou em outras palavras, ele tem crédito com o Brasil, e pode se dar ao luxo de fazer 1/7 no mundial. O que ele precisa entender, e certamente entende, é que realmente não foi bem, e que talvez esteja faltando voltar às competições internacionais de alto nível para consolidar sua meta de chegar aos 2700. Jogando apenas no Brasil pode chegar perto disso, como realmente o fez, mas será difícil crer que essa força está de acordo com a realidade.

No entanto, Vescovi não foi o único a ir mal, nem se pode colocar esse fardo sobre suas costas. Na realidade, à exceção do Rafael Leitão, ninguém foi bem. De todos se esperava pelo menos um pouco mais. Alexandr Fier vinha de uma fase horrorosa (perdeu mais de 50 pontos de rating), e diante desse quadro, a Final do Brasileiro e o Mundial podem até ser considerados uma melhora relativa. Mas basta observar os “rating performance” para observar que todos ficaram abaixo da média http://wtcc2009.tsf.org.tr/component/option,com_turnuva/task,show/dosya,32/Itemid,32/lang,turkish/ Bem, teve também o Darcy Lima, que fez uma única partida, de livro porém, sanguinária, ao velho estilo romântico. Mas não se pode dizer que ele foi bem, porque afinal de contas era o técnico da equipe. Penso que depois do massacre aplicado ao turco na 8ª rodada (uma das três vitórias que o Brasil conseguiu em 36 partidas disputadas), Lima deveria permanecer na equipe. Mas optou por colocar o Diamant na “roubada” e ficar com os louros da sua excepcional vitória na rodada anterior.

Dito isso, agora é preciso dizer que tecnicamente a participação do Brasil foi razoável, próxima da força real da equipe. O torneio é que era muito forte. Não se pode crucificar os atletas, cujo grande feito foi classificar a equipe para mundial. Feito inédito, aliás! Foi uma grande experiência, e bela porta aberta por esse esquadrão, que forma, sem dúvida, a melhor equipe do Brasil de todos os tempos.

Cabe, a meu ver, uma crítica à Confederação Brasileira de Xadrez. Fiz essa crítica num post do blog do Giovanni, e ela foi duramente respondida pelo presidente da CBX. Algo do tipo, “critica, mas não faz melhor”. Bom, eu sou um crítico, e dirigente local. Não posso mesmo fazer melhor, porque não sou a CBX.
A responsabilidade de “fazer melhor” só compete à própria direção da CBX. A minha critica vai ao sentido de cobrar uma participação mais efetiva da CBX. O site da nossa confederação, um poderoso instrumento moderno de comunicação, é uma vergonha, sub-aproveitado. Nele não há qualquer menção ao Mundial ou a nossa equipe. Basta fazer uma breve comparação com os sites das outras confederações (ex: EUA, Armênia ou Índia). Faça uma pesquisa no google.

Parte da resposta do presidente queixava-se da falta de apoio financeiro para o intercâmbio dos nossos atletas, um motivo que considero crucial na dificuldade em enfrentar os tops hoje em dia. Todo mundo que trabalha com xadrez sabe dessas dificuldades, mas isso não pode ser um atenuante da atuação dirigente. Deve ser um agravante. A Confederação tem que receber dinheiro do Ministério dos Esportes e da iniciativa privada. E que excelente oportunidade nos deu esse mundial para propagandiarmos o xadrez. No entanto, última postagem do site da CBX, 29 de dezembro do ano passado, pagamento de taxas.

Se por acaso a equipe tivesse superado todas as expectativas e obtido uma medalha, quem, além de nós aficionados, saberia disso? Haveria reportagens nas TV’s e meios de comunicação de massas? A CBX seria capaz de receber nossos heróis em carros abertos? Quer dizer, não podemos cobrar dos nossos atletas aquilo sua direção não proporciona. Obtivemos um resultado bom, a altura do nosso xadrez. Parabéns aos nossos guerreiros, e vamos usar as criticas como um processo de construção coletivo da nossa modalidade esportiva. Não é nada pessoal.

Florianópolis, 16 de janeiro de 2010

Um comentário:

  1. Olá Pomar. Espero que nào deixe este blog vegetando na web. Sou um grande admirador seu e, agora mais do que nunca, devido à distância, espero ver suas opiniões aqui.
    Um forte abraço,

    ResponderExcluir